terça-feira, 17 de outubro de 2017

1 ano depois



Já fez um ano desde que inicie o percurso nesta actividade. Um ano é um ano, são doze meses e, sinceramente, nem me apetece contar os dias...
Aprendi imenso e passei por situações que talvez nunca tivesse passado se não estivesse aqui.

Mas consegui nunca deixar de ser eu mesma. Consegui manter-me fiel aos meus princípios e aprendi meia dúzia de limites que necessito de ter para que assim continue. 
Quem me conhece, como diz alguém, ou adora ou odeia. Confesso que não sou muito dada a ódios, a extremos nem a intolerância. Nem a fingir ser alguém que não sou.

Quem me conhece lá fora, fora das quatro paredes, sabe que só não faço pelos outros o que não posso. Que só não dou o que não tenho.
E quem me conhece aqui e aprecia sabe que as minhas mãos, o meu corpo e as minhas palavras se movem ao sabor e ondular de muito mais que apenas luxúria.

Ao contrário do que algumas pessoas pensam, dizem/escrevem, nenhuma de nós, acompanhantes, cortesãs, tem de se adaptar às vontades e caprichos dos clientes.
Quando é uma de nós a expressar isto fico sempre um pouco triste. Mostra sempre indícios de imaturidade e falta de auto-estima... ou de ainda não saber quem é.
Quando é um cliente ou um qualquer homem a expressar isto.... enfim, digamos que a desumanização da mulher tem muitas faces e esta é uma das mais feias.
Nenhuma de nós tem de se submeter a desejos e caprichos alheios, nem na vida privada, nem nesta actividade. Temos, sim, de saber quem somos, de aprender quem somos, do que gostamos, de aprender sobre o prazer que sentimos e proporcionamos. Temos de aprender a perceber, sem palavras, o que a pessoa que está à nossa frente, enleada no nosso corpo precisa naquele momento, enquanto não nos esquecemos que somos pessoas e mulheres.

Cada uma de nós "vende" ou troca o que tem. Mas se me limitasse aos caprichos dos meus clientes, teria muito pouco para oferecer. E tenho cada vez mais noção do que sou e do que ofereço.
Neste momento atendo 3 a 4 clientes por dia, sendo que 3 clientes tem sido o limite habitual. 
Porquê? Porque perco a conta aos orgasmos que tenho, porque estou ali, presente, inteira, entregue. Porque é intenso, porque dou e dou e dou. Porque, apesar dos orgasmos parecerem inesgotáveis, desidrato e fico fisicamente cansada. Porque é um compromisso comigo mesma para limitar de alguma forma a minha exposição neste meio.
É isto que estou, entre quatro paredes, um pouco do que sou.
É isso e muito mais o que tenho para oferecer.
Muito mais que quecas visuais, rabos empinados ou mamas a sair de fora do soutien. Quem procurar isso não é de mim que precisa, não é a mim que quer. É a vizinha do lado. E existem tantas por aí, de todas as formas, cores e feitios... 
Quem me procura vem sentir algo de diferente, de mais doce, mais profundo, mais vivido e genuíno.
Não esperem que me ponha a fazer poses, a fazer comentários "picantes" ou a vestir lingeries só porque sim.
Faço-o, sim, quando me apetece. Faço-o também quando já existe uma ligação e cumplicidade com o cliente que permite tudo o resto. Permite os fetiches, a brincadeira e a provocação. Sem existir empatia e algum tipo de ligação, chamo a isso manipulação. É que, gente bonita, a maioria das mulheres neste meio são exímias nesse tipo de manipulação. E cada uma de nós posiciona-se neste "mercado" como quer, como pode, como sabe.

A forma como estou neste meio, a forma como me entrego e faço amor mostrou-me que nada disto se coaduna com atendimentos de 30 minutos.
Por todas as razões. Porque me exponho muito mais, porque não permite tempo para disfrutar do prazer, porque não permite que esteja inteira com cada um de vós. Porque me faz olhar para o relógio, quando não me apetece. E porque não me apetece sentir que sou um carimbo num qualquer cartão de pontos imaginário.
Acredito que alguns dos potenciais clientes argumentem que são muito "quentinhos" e não aguentam muito tempo. A esses garanto que o prazer e o sexo é muito mas muito mais que penetração, orgasmos ou "wham bang thank you ma'am". E um oral bem feito com cuidado, carinho, suavidade, sensibilidade e sensualidade pode, só por si, durar os 30 minutos.... mesmo para os homens mais quentinhos.


Em nada do que escrevo, faço ou digo existe espaço para mistura de sentimentos ou insinuações disso. O que começa entre quatro paredes, termina entre quatro paredes. Estamos a falar de sexo, de prazer, de sentires, de partilha... apenas entre quatro paredes!

Como dizia Anais Nin:

"I am so thirsty for the marvelous that only the marvelous has power over me. Anything I can not transform into something marvelous, I let go."


Assim sendo, serve este pequeno testamento como aviso à navegação de que vou deixar de fazer atendimentos de 30 minutos.

O restante tarifário mantém-se e pode ser consultado Aqui.

Não espero que todos vocês compreendam ou aceitem. Quem me conhece e aprecia entre quatro paredes, compreende.

De qualquer forma é um limite que necessito para continuar a ser genuína e verdadeira comigo mesma. 
É uma das pequenas formas que encontro para não me anular neste meio e manter a minha essência...

Com todo o carinho e respeito,

Joana