Pois que sim... Não é preciso muito para um encontro com um cliente se transformar num momento digno de um sketch do mais puro humor inglês. Os ingredientes são simples e dignos, só por si, do rótulo de "desastre eminente".
Note-se que este episódio já se passou há alguns meses, quando estava a trabalhar como independente há cerca de um mês... verdinha verdinha ;)
Ingredientes:
- uma Joana que, apesar da idade e dos anos de experiência com namorados e afins, nunca se tinha cruzado com verdadeiros apreciadores de lingerie e role play
- uma manhã com uma saída de casa atribulada, entre preparação de lanches e mochilas da escola, a horas perfeitamente indecentes para qualquer mortal são de espírito
- um telemóvel de trabalho e agenda que ficaram esquecidos na gaveta onde ficam cuidadosamente guardados, longe dos olhares e dedos indiscretos dos filhotes, na confusão da manhã
- uma marcação à primeira hora do dia com um cliente simpático mas com alguns pedidos sobre a utilização de meias, cinto de ligas e outros acessórios simples (simples hoje, porque na altura tive de os comprar... ).
- detalhes específicos da marcação sobre gostos visuais aos quais não estou habituada e que, na realidade, não podiam estar mais distantes da minha forma de atendimento
- uma colega de trabalho que é um doce e, felizmente, uma Amiga
- um conjunto de lingerie com meias de vidro e cinto de ligas
Como referi... cada um dos ingredientes serviria, por mérito próprio, para um momento de comédia. Juntar tudo num espaço de pouco tempo, pedacinho a pedacinho.... enfim.... hoje em dia olho para o que se passou com bastante humor. Mas o meu dedo que adivinha desconfia que o cliente saiu furibundo do encontro.. .. até porque nunca mais voltou :D note -se ainda que a pessoa em questão não vive propriamente nos arredores do local do encontro e que o valor acordado não é propriamente uns trocos... pelo menos para mim. E acredito que não o fossem para o cliente...
Continuando. Já com os ingredientes apresentados não é difícil perceber que estava armada uma bela de uma confusão.
Preparação:
Saída apressada de casa, zigezagueando entre o trânsito até à escola, sentar na esplanada do costume para tomar café e começar a preparar a agenda do dia.... abro a mala e.... onde é que está a agenda?? Respirar fundo, olhar para o relógio para perceber o tempo que ainda tinha para a marcação. Voltar a respirar fundo, esvaziar a mala, verificar cuidadosamente cada recanto e bolso da mala para constatar que a mala do sport billy afinal tem fundo e que o telemóvel de trabalho e a agenda não estavam lá enfiados.
Nova pausa, novo olhar para o relógio. Neste momento era bastante óbvio que não tinha tempo para voltar a casa para ir buscar nada.
Faço contas à vida, constato que o computador tinha ficado no carro e rezo para que o cliente em questão tenha dados móveis.
Entrar no carro, voltar a ziguezaguear pelo trânsito, disparar pela autoestrada enquanto vou pedindo encarecidamente a todos os santinhos e santinhas de pau mais ou menos carunchoso, que o cliente tivesse dados móveis e se lembrasse de verificar as mensagens privadas do site onde nos tínhamos conhecido ou o e-mail que me tinha fornecido. Quando finalmente chego ao apartamento envio email e mensagens privadas a avisar que o aguardava mas que não tinha como o contactar pelo telemovel, arrumo e preparo o gabinete e perto da hora acordada tomo banho, visto me com a lingerie que o cliente tinha pedido e espero à frente do computador algum sinal de vida. E espero... e espero e espero e nada...
Entre quase roer as unhas e dar cabeçadas na parede bate me à porta a, na altura, recente companheira de apartamento, desabafos e de diabruras a três na alcova. A Carlota ou Sarah Sweet foi e continua a ser uma surpresa neste meio. Sendo uma mulher inteligente e sensível com os anos de experiência que nunca terei, entrou enquanto lhe explicava atabalhoadamente o que se estava a passar. Aguardamos as duas que alguma coisa mudasse no écran do computador enquanto íamos fazendo refresh. Nada.
Éramos as únicas no apartamento e o silêncio ia ecoando nas paredes do longo corredor enquanto esperávamos. Os minutos iam passando, a hora combinada passou e a cada minuto que passava mais me convencia que tinha passado por mal educada e que me tinha queimado com aquele cliente. Se tivesse acontecido comigo teria ficado possessa e nem as mensagens a explicar a situação iriam alterar o facto de que, provavelmente, não voltaria a combinar rigorosamente mais nada com aquela pessoa.
Cerca de meia hora a 40 minutos depois da hora marcada, toca o telefone da Sarah. Não havia nada que ela pudesse fazer senão estar ali. Não tinha o contacto do cliente, não o conhecia nem sabia muito bem que tipo de pessoa seria.
O som do telefone sobressaltou nos no silêncio mas foi bem vindo para aliviar a tensão. Ouço a a falar com o cliente sobre condições, pausa enquanto ouve a pessoa do outro lado e de repente diz:
- Mas tinha marcação com a Joana? Ela tem estado a tentar contactar consigo pela net. Deixou o telemóvel em casa e está mesmo aqui ao meu lado. Espere que vou passar!
Passa-me o telemóvel enquanto percebo que o cliente na impossibilidade de conseguir contactar comigo estava a tentar não dar por perdida uma viagem longa. E que tinha dados móveis para procurar outra acompanhante na zona mas nem se lembrou de ir confirmar o email ou as mensagens privadas...
Desfaço-me em desculpas, explico que estou à espera dele mas que, infelizmente, tinha deixado o telemóvel em casa. O cliente ouve meio a contragosto e lá acaba por se convencer a dar-me uma segunda oportunidade.
Se isto fosse uma cena de teatro, isto seria o final do primeiro acto. Seria uma qualquer peça secundária entre o suspense e o burlesco, sem dúvida e de má qualidade, num qualquer teatro escondido e poeirento. Daqueles em que os corredores escuros e escadas de madeira rangem a cada passo. Mas não é uma peça de teatro. É uma receita. Uma receita para o desastre.... ou pelo menos é o que se lê no título.
Mais de metade dos ingredientes estão apresentados e não se adivinha nenhum desfecho, apesar dos ingredientes que faltam poderem contar quase toda a história sozinhos.
O cliente acaba por entrar desconfiado enquanto me continuo a desfazer em desculpas e a tentar explicar que tinha saído de casa à pressa e em cima da hora. Ora um cliente que ja tinha deixado bem explícito que se encantava com a encenação não quer saber de pormenores de bastidores. Retira toda a magia e encanto e a sensação de estar a viver o enredo desaparece.... como é óbvio. Ou deveria ser, não fosse aqui a menina deste lado ser meia loira ou, no mínimo, distraída.
Como é óbvio e perfeitamente natural o cliente continuou desconfiado e claramente desagradado até ao momento em que realiza que estou a ser genuína. Relaxa e lá acede a ir tomar banho e a um recomeço. Depois do banho, já mais descontraído e, tenho a certeza, ter respirado fundo muitas vezes, lá conseguimos sorrir perante o disparate e preparado nos para tentar perceber realmente quem temos à frente.
E aqui tenho que lhe tirar o chapéu. É preciso alguma ginastica mental para este processo. É preciso ser boa pessoa e estar disposto a perceber o outro lado. Não são todas as pessoas que o conseguem fazer e sorrir tão rapidamente depois de ser deixado pendurado durante quase uma hora desde o início desta saga.
Banhos tomados, acabamos por ir diminuindo a distância um do outro enquanto ele aprecia a lingerie e os saltos....
Percebi mais tarde que ele aprecia efectivamente a encenação e que os seus gostos não são propriamente clássicos. Os meus são. A lingerie que trazia era e ainda é bonita, assim como seria há vinte anos e será daqui a mais vinte. Preta, clássica e intemporal. Muito boudoir e sedutora mas a encenação acaba aí. Como descrito nos ingredientes nunca me tinha cruzado com nenhum parceiro de aventuras verdadeiramente apreciador de lingerie e role play. Poses e encenações não fazem propriamente parte do meu reportório de talentos... pessoalmente a lingerie é bonita e sensual, serve para brincar e para despir. Verdinha com o era nunca nunca tinha tido nenhum cliente que fosse apreciador das artes de alcova mas mantendo as peças de lingerie vestidas.
Ora é aqui que começa o disparate e o humor retorcido...
Se olharem atentamente para a imagem acima vão observar a sensualidade, a ansiedade e sexualidade do momento. As formas bonitas, o olhar discreto e provocador da mulher, o cabelo bem tratado e o momento imediatamente antes de uma peça de roupa ser retirada por uma mão forte e segura, que nunca iremos ver e que nos deixa suspensos na vontade de querer continuar a ver.
Isto é o que vejo.... um apreciador de encenações vê tudo isto mas repara imediatamente num pormenor. O cinto de ligas está vestido por cima das cuecas. E depois? Não é para tirar? Não, não é!
Alguma vez vestiram meias de liga? Imaginam a trabalheira que dá vestir e prender as meias ao cinto? Tantos avanços tecnológicos, tanto desenvolvimento e ainda ninguém se lembrou de desenhar uma mecanismo mais simples para prender as meias de forma rápida e eficiente. A acrescentar a dificuldade e ginastica necessária para as prender nos locais correctos de forma a que o cinto de ligas assente na perfeição e com a forma correcta. Comigo funciona por tentativa e erro e, apesar de neste momento já ser uma operação mais rápida, na altura era uma autêntica aula de contorcionismo morosa, cansativa e frustrante.
Estava o cliente a acariciar me enquanto apreciava a textura e as formas, o ambiente bem aquecido e sedutor, apesar de não haver encenações, rabos empinados e provocações que são tão teatrais que acabo por me desmanchar a rir pelas figuras, quando me começa a tirar as cuecas.... para ficarem presas no cinto de ligas... a frustração ficou estampada na cara dele enquanto me apercebo da situacao.
Parede mais próxima, por favor! Como é que é possível não me ter passado uma coisa tão óbvia como: as cuecas vestem se por cima do cinto. A forma que parece mais óbvia é só mesmo para a fotografia. E que bem que fica! Mas, na prática, não dá jeito absolutamente nenhum. Não há ciência complicada nenhuma por de trás disto! Não é preciso ter um mestrado nem um mba. Deveria e é a coisa mais óbvia para os habitués nestas andanças...
Momento de paragem e frustração enquanto exclamou qualquer coisa como:
- Mas está ao contrário!
- Desculpa (outra vez!!!) Não me tinha apercebido. Espera um bocadinho que vou trocar...
Ao que o abandono no quarto enquanto me rogo pragas e corro para a casa de banho proceder a mais uma sessão de contorcionismo.
A este ponto podia ter voltado a aparecer na forma da Angelina Jolie que não havia volta a dar. A encenação estava definitivamente arruinada. Os vários pedidos de posições e poses que se seguiram foram executados por mim sabendo que a minha sensualidade é natural e não encenada. Eu avisei que era a receita para o desastre.. ..
Apesar da conversa descontraída no final e de algumas gargalhadas e sorrisos, ambos sabíamos que o que se tinha passado não era para repetir. Banhos tomados, cliente já a caminho da sua vida e fiquei a auto flagelar-me por ser tão idiota!
A Sarah vem ter comigo quando se apercebe que já estou sozinha e conto-lhe o que se tinha passado... a resposta dela foi apropriada:
- A sério, mas não sabias? Como é que não sabias? As cuecas vestem-se sempre por cima do cinto de ligas!
Pois....mas não sabia. A situação foi absolutamente ridícula, idiota e o cliente ficou, com certeza, com a sensação que tinha deitado dinheiro fora.... por responsabilidade minha. Ainda reviro os olhos quando me lembro da situação, enquanto me vou rindo com a minha ingenuidade e inocência.
Escusado será dizer que, como seria de esperar, nunca mais me contactou...
Serviu me de lição para pensar bem nos pormenores quando me fazem pedidos diferentes e ficar a imaginar tudo o que poderá correr menos bem... Serviu também, na altura, para ir definindo o meu tipo de atendimento e para realizar que, tudo o que tenha a ver com encenações, é para ser feito com amigos.... com clientes é receita certa para o desastre.
Entre quase roer as unhas e dar cabeçadas na parede bate me à porta a, na altura, recente companheira de apartamento, desabafos e de diabruras a três na alcova. A Carlota ou Sarah Sweet foi e continua a ser uma surpresa neste meio. Sendo uma mulher inteligente e sensível com os anos de experiência que nunca terei, entrou enquanto lhe explicava atabalhoadamente o que se estava a passar. Aguardamos as duas que alguma coisa mudasse no écran do computador enquanto íamos fazendo refresh. Nada.
Éramos as únicas no apartamento e o silêncio ia ecoando nas paredes do longo corredor enquanto esperávamos. Os minutos iam passando, a hora combinada passou e a cada minuto que passava mais me convencia que tinha passado por mal educada e que me tinha queimado com aquele cliente. Se tivesse acontecido comigo teria ficado possessa e nem as mensagens a explicar a situação iriam alterar o facto de que, provavelmente, não voltaria a combinar rigorosamente mais nada com aquela pessoa.
Cerca de meia hora a 40 minutos depois da hora marcada, toca o telefone da Sarah. Não havia nada que ela pudesse fazer senão estar ali. Não tinha o contacto do cliente, não o conhecia nem sabia muito bem que tipo de pessoa seria.
O som do telefone sobressaltou nos no silêncio mas foi bem vindo para aliviar a tensão. Ouço a a falar com o cliente sobre condições, pausa enquanto ouve a pessoa do outro lado e de repente diz:
- Mas tinha marcação com a Joana? Ela tem estado a tentar contactar consigo pela net. Deixou o telemóvel em casa e está mesmo aqui ao meu lado. Espere que vou passar!
Passa-me o telemóvel enquanto percebo que o cliente na impossibilidade de conseguir contactar comigo estava a tentar não dar por perdida uma viagem longa. E que tinha dados móveis para procurar outra acompanhante na zona mas nem se lembrou de ir confirmar o email ou as mensagens privadas...
Desfaço-me em desculpas, explico que estou à espera dele mas que, infelizmente, tinha deixado o telemóvel em casa. O cliente ouve meio a contragosto e lá acaba por se convencer a dar-me uma segunda oportunidade.
Se isto fosse uma cena de teatro, isto seria o final do primeiro acto. Seria uma qualquer peça secundária entre o suspense e o burlesco, sem dúvida e de má qualidade, num qualquer teatro escondido e poeirento. Daqueles em que os corredores escuros e escadas de madeira rangem a cada passo. Mas não é uma peça de teatro. É uma receita. Uma receita para o desastre.... ou pelo menos é o que se lê no título.
Mais de metade dos ingredientes estão apresentados e não se adivinha nenhum desfecho, apesar dos ingredientes que faltam poderem contar quase toda a história sozinhos.
O cliente acaba por entrar desconfiado enquanto me continuo a desfazer em desculpas e a tentar explicar que tinha saído de casa à pressa e em cima da hora. Ora um cliente que ja tinha deixado bem explícito que se encantava com a encenação não quer saber de pormenores de bastidores. Retira toda a magia e encanto e a sensação de estar a viver o enredo desaparece.... como é óbvio. Ou deveria ser, não fosse aqui a menina deste lado ser meia loira ou, no mínimo, distraída.
Como é óbvio e perfeitamente natural o cliente continuou desconfiado e claramente desagradado até ao momento em que realiza que estou a ser genuína. Relaxa e lá acede a ir tomar banho e a um recomeço. Depois do banho, já mais descontraído e, tenho a certeza, ter respirado fundo muitas vezes, lá conseguimos sorrir perante o disparate e preparado nos para tentar perceber realmente quem temos à frente.
E aqui tenho que lhe tirar o chapéu. É preciso alguma ginastica mental para este processo. É preciso ser boa pessoa e estar disposto a perceber o outro lado. Não são todas as pessoas que o conseguem fazer e sorrir tão rapidamente depois de ser deixado pendurado durante quase uma hora desde o início desta saga.
Banhos tomados, acabamos por ir diminuindo a distância um do outro enquanto ele aprecia a lingerie e os saltos....
Percebi mais tarde que ele aprecia efectivamente a encenação e que os seus gostos não são propriamente clássicos. Os meus são. A lingerie que trazia era e ainda é bonita, assim como seria há vinte anos e será daqui a mais vinte. Preta, clássica e intemporal. Muito boudoir e sedutora mas a encenação acaba aí. Como descrito nos ingredientes nunca me tinha cruzado com nenhum parceiro de aventuras verdadeiramente apreciador de lingerie e role play. Poses e encenações não fazem propriamente parte do meu reportório de talentos... pessoalmente a lingerie é bonita e sensual, serve para brincar e para despir. Verdinha com o era nunca nunca tinha tido nenhum cliente que fosse apreciador das artes de alcova mas mantendo as peças de lingerie vestidas.
Ora é aqui que começa o disparate e o humor retorcido...
Se olharem atentamente para a imagem acima vão observar a sensualidade, a ansiedade e sexualidade do momento. As formas bonitas, o olhar discreto e provocador da mulher, o cabelo bem tratado e o momento imediatamente antes de uma peça de roupa ser retirada por uma mão forte e segura, que nunca iremos ver e que nos deixa suspensos na vontade de querer continuar a ver.
Isto é o que vejo.... um apreciador de encenações vê tudo isto mas repara imediatamente num pormenor. O cinto de ligas está vestido por cima das cuecas. E depois? Não é para tirar? Não, não é!
Alguma vez vestiram meias de liga? Imaginam a trabalheira que dá vestir e prender as meias ao cinto? Tantos avanços tecnológicos, tanto desenvolvimento e ainda ninguém se lembrou de desenhar uma mecanismo mais simples para prender as meias de forma rápida e eficiente. A acrescentar a dificuldade e ginastica necessária para as prender nos locais correctos de forma a que o cinto de ligas assente na perfeição e com a forma correcta. Comigo funciona por tentativa e erro e, apesar de neste momento já ser uma operação mais rápida, na altura era uma autêntica aula de contorcionismo morosa, cansativa e frustrante.
Estava o cliente a acariciar me enquanto apreciava a textura e as formas, o ambiente bem aquecido e sedutor, apesar de não haver encenações, rabos empinados e provocações que são tão teatrais que acabo por me desmanchar a rir pelas figuras, quando me começa a tirar as cuecas.... para ficarem presas no cinto de ligas... a frustração ficou estampada na cara dele enquanto me apercebo da situacao.
Parede mais próxima, por favor! Como é que é possível não me ter passado uma coisa tão óbvia como: as cuecas vestem se por cima do cinto. A forma que parece mais óbvia é só mesmo para a fotografia. E que bem que fica! Mas, na prática, não dá jeito absolutamente nenhum. Não há ciência complicada nenhuma por de trás disto! Não é preciso ter um mestrado nem um mba. Deveria e é a coisa mais óbvia para os habitués nestas andanças...
Momento de paragem e frustração enquanto exclamou qualquer coisa como:
- Mas está ao contrário!
- Desculpa (outra vez!!!) Não me tinha apercebido. Espera um bocadinho que vou trocar...
Ao que o abandono no quarto enquanto me rogo pragas e corro para a casa de banho proceder a mais uma sessão de contorcionismo.
A este ponto podia ter voltado a aparecer na forma da Angelina Jolie que não havia volta a dar. A encenação estava definitivamente arruinada. Os vários pedidos de posições e poses que se seguiram foram executados por mim sabendo que a minha sensualidade é natural e não encenada. Eu avisei que era a receita para o desastre.. ..
Apesar da conversa descontraída no final e de algumas gargalhadas e sorrisos, ambos sabíamos que o que se tinha passado não era para repetir. Banhos tomados, cliente já a caminho da sua vida e fiquei a auto flagelar-me por ser tão idiota!
A Sarah vem ter comigo quando se apercebe que já estou sozinha e conto-lhe o que se tinha passado... a resposta dela foi apropriada:
- A sério, mas não sabias? Como é que não sabias? As cuecas vestem-se sempre por cima do cinto de ligas!
Pois....mas não sabia. A situação foi absolutamente ridícula, idiota e o cliente ficou, com certeza, com a sensação que tinha deitado dinheiro fora.... por responsabilidade minha. Ainda reviro os olhos quando me lembro da situação, enquanto me vou rindo com a minha ingenuidade e inocência.
Escusado será dizer que, como seria de esperar, nunca mais me contactou...
Serviu me de lição para pensar bem nos pormenores quando me fazem pedidos diferentes e ficar a imaginar tudo o que poderá correr menos bem... Serviu também, na altura, para ir definindo o meu tipo de atendimento e para realizar que, tudo o que tenha a ver com encenações, é para ser feito com amigos.... com clientes é receita certa para o desastre.