Loving Joanna

Loving Joanna

Entrei na profissão de massagista sensual nem há meia dúzia de meses... por necessidade e porque a minha formação anda de mãos dadas com a massagem e com o toque. Da massagem sensual para a acompanhante vai um saltinho... ou um pedido...

Entrei numa casa, pertinho de Lisboa, numa perspectiva de: preciso de dinheiro agora! E lembro-me perfeitamente da incredulidade e preocupação de algumas das minhas colegas com a minha resposta ao "Estás bem?" depois da primeira experiência com um cliente.

Continua a ser a mesma resposta que dou quando alguns clientes me perguntam como é que me adapto a esta nova circunstancia profissional: Pele é sempre pele....

Pele é pele, pele e toque e cheiro e entrega.... De olhos abertos ou fechados e se os fecho é sempre e só para sentir mais.

Tenho a característica de continuar a conseguir ver sempre algo de bonito em toda a gente, em todos os homens, em todas as mulheres... em todas as pessoas. Sejam as mãos, os olhos, o cabelo, o olhar, a maciez da pele, o cheiro, um abraço, uma intensidade ou um momento. Pois.... a visão nem sempre é para aqui chamada. O ver é sempre muito mais profundo do que os olhos veem. Assim como fazer amor é muito mais que a penetração.

Sou amorosa por natureza, sempre adorei e me perdi em abraços e olhares, sempre gostei de fazer amor. Não sei fingir, não sei mentir. Quando me perguntam o nome respondo o nome de "guerra"(ou artístico, como já lhe ouvi chamar): Joana. Mas se me perguntam, olhos nos olhos, o verdadeiro não consigo inventar. Assim como não finjo prazer. Quando preciso de dizer que não, digo-o com um sorriso.

Não sou nenhuma menina... num dos sites onde anuncio retiraram-me alguns anos na descrição e quando me perguntam ao telefone digo a idade que lá está... mas olhos nos olhos digo sempre a minha.

Sou reservada e quase tímida.... tanto quanto sou carinhosa e intensa. O momento de viragem entre os dois pratos da balança é algo tão simples quanto o primeiro beijo. Aqui, como na vida, quando beijo já me entreguei toda... a outra pessoa é que ainda não sabe.... mas não demora muito a perceber.

É óptimo com os clientes que beijam mas cria-me sempre uma barreira estranha com os que não beijam... durante alguns segundos.... o tempo suficiente para ser eu a perceber que é outro registo e mudar o meu.

É um registo mais impessoal, simplesmente mais físico, sem se envolver ou então, simplesmente, não sentiu quimica comigo. O cliente quer uma boa atitude mas não quer o resto.... e eu respeito. Afinal de contas isto é um serviço. Aquela pessoa está-me a pagar para lhe proporcionar o que mais precisa naquele momento, comigo.... pessoas diferentes, expectativas diferentes, gostos diferentes, necessidades diferentes.

O mais importante é o absoluto respeito que tenho pela pessoa que tenho à frente. Pelas suas necessidades e gostos. Tanto respeito como me tenho a mim...

Passei algum tempo a desconstruir o processo mental por detrás da sensação de estar a fazer algo de errado ou vergonhoso e ainda sentir prazer com isso. Tenho a enorme vantagem de conseguir ligar e desligar os botões na minha cabeça de uma forma bastante simples e rápida e o complicómetro é desligado com firmeza sempre que dá um ar da sua graça, o que me facilitou este processo e me permite passear na rua de cabeça erguida e orgulhosa de estar a fazer algo tão complexo (desengane-se quem pensar que não é.... anda, na realidade, muito próximo da psicologia e requer imensa sensibilidade) e onde aprendo tanto sobre mim, sobre a sexualidade e sobre a natureza humana.

Ainda não sei exactamente que caminho este blog e as palavras que aqui vou escrever vão seguir. Sei que nasce de uma necessidade de exteriorizar e colocar visível algumas das reflexões que tenho feito nestes meses. Sei também que vou ter a necessidade de descrever algumas das estórias mais marcantes. Sei que, provavelmente, vai ser lido por clientes e potenciais clientes. E sei, por experiência, que não me quero sentir limitada ou castrada no que escrevo por isso.... por estar a ser observada.

O Loving Joanna é isto... é o reflexo de mim onde se espreita a Joana, a acompanhante, a amante do momento, o engate da mulher no bar, numa qualquer noite, a amiga da amiga com quem alguém passa um momento de prazer algures no tempo.

Sejam bem vindos